Também conhecida como “contracepção de emergência”, a pílula do dia seguinte contém altas doses de hormônio e é tomada dentro de 72 horas após a relação sexual. As vezes, funciona como um contraceptivo, evitando a ovulação ou interferindo com a movimentação dos espermatozóides. No entanto, embora grandes organizações como a Federação Internacional de Ginecologistas e Obstetras (FIGO) afirme que este é o principal mecanismo de ação destas pílulas, é importante lembrar que, para que ela evite a ovulação, o hormônio contido na sua formulação precisa ser absorvido pelo intestino, atravessar a corrente sanguínea, chegar até o cérebro e assim sinalizar que não é necessário liberar hormônios que desencadeariam a ovulação. Até que isso tudo aconteça, uma nova vida já pode ter sido gerada, com todo o seu código genético, seu sexo determinado e até mesmo a cor dos seus olhos.  Isso porque a fertilização pode acontecer em poucas horas após a relação sexual, enquanto que a pílula do dia seguinte pode ser tomada até 3 dias depois.

Então, por que a pílula do dia seguinte “funciona” mesmo depois de tanto tempo após a relação sexual?

Porque o hormônio contido nesta pílula interfere com o funcionamento do endométrio, que é uma camada muscular que fica no interior do útero, onde o embrião recém concebido se implanta (ou se fixa) para continuar se desenvolvendo! Assim, um aborto acontece e a mulher nem fica sabendo. Ou seja, se você ouvir dizer por aí que “a pílula do dia seguinte não afetará uma gravidez”, saiba que isso é mentira. Essa falácia é baseada na re-definição do conceito de gravidez, que diz que a mesma começa na implantação e não na fertilização.

Em países onde o aborto é legalizado, a informação relacionada ao prejuízo de implantação está presente nas bulas. Porém, em medicamentos disponibilizados para venda no Brasil, essa informação vem sendo omitida. Por exemplo, a bula disponibilizada pelo FDA do levonorgestrel (Plan B One-Step), produto disponibilizado nos EUA diz o seguinte:

 


https://www.accessdata.fda.gov/drugsatfda_docs/label/2009/021998lbl.pdf

Já a bula disponibilizada pela Anvisa do levonorgestrel (Neodia), produto de mesma composição, disponibilizado no Brasil, diz o seguinte:

http://www.anvisa.gov.br/datavisa/fila_bula/frmVisualizarBula.asp?pNuTransacao=5470732015&pIdAnexo=2695572

É curioso que a mesma substância apresente informações diferentes em suas bulas disponibilizadas em países diferentes. Curiosamente, o mecanismo anti-implantação é omitido da bula brasileira, já que no Brasil, o aborto é crime. Outras bulas, como a do Pozato Uni, descrevem que “não está totalmente elucidado se o medicamento pode ter ação após a ocorrência da fecundação”. Veja abaixo a bula do Postinor em ingles, e em seguida, em português.

https://resources.bayer.com.au/resources/uploads/pi/file9408.pdf
https://www.ache.com.br/arquivos/BU_POSTINOR-UNO_FEV2013.pdf

Até mesmo as bulas dos medicamentos vêm sendo alteradas para omitir a informação de que este hormônio interfere com o funcionamento do endométrio com o objetivo de impedir a implantação do embrião recém concebido – que já é uma nova vida humana – no útero.

Estes “novos” conceitos foram aderidos pelo Ministério da Saúde, que publicou um documento sobre a anticoncepção de emergência em 2005, argumentando que o mecanismo de ação da pílula do dia seguinte não envolve mecanismos que impedem a implantação de um embrião já concebido no endométrio, conforme print do documento abaixo:


http://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/caderno3_saude_mulher.pdf

O documento ressalta que o efeito de prejuízo na implantação é um “mito” que ainda “persiste entre profissionais da saúde”:


http://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/caderno3_saude_mulher.pdf

Infelizmente, este documento oficial do Ministério da saúde trata como “mito” um mecanismo que vem sendo atestado cientificamente há décadas, por inúmeros estudos, mas que, por motivações ideológicas, vem sendo exposto de maneira adulterada.

Para entender melhor os conceitos sobre início da vida, leia este texto.