Logo que você casa, já começa a ouvir comentários do tipo: “quando vem um bebezinho?” Depois que vem um bebezinho, já chegam novas perguntas sobre um irmãozinho.
Mas quando o casal já tem 3, 4, 5 ou mais filhos, a reação das pessoas geralmente muda e os comentários giram em torno de: “nossa, como vocês são corajosos!” ou “e agora, já fecharam a fábrica?”.
Eu sei, ninguém gosta de ouvir comentários maldosos sobre uma nova gravidez ou sobre o número de filhos. É desagradável. E eu concordo com você que as pessoas deveriam ter mais bom senso e entender que não há qualquer necessidade de opinar sobre a vida das pessoas, especialmente em se tratando de questões íntimas como o número de filhos.
Além disso, tem um agravante aí: uma coisa é alguém falar algo desagradável sobre você. Outra coisa muito pior é se referir de forma desagradável sobre seus filhos, como se eles não fossem tão importantes assim, como se eles não precisassem ter vindo ao mundo, porque a vida de cada um deles não vale tanto a pena se você pensar no trabalho que dá…
Eu entendo tudo isso e concordo que chega a ser revoltante.
Mas antes de querer “dar uma voadora” na pessoa que comentou algo desagradável para você sobre a sua família e a quantidade de filhos que você tem, tenta refletir um pouco: essa pessoa aprendeu o que você já sabe sobre casamento, fecundidade matrimonial e abertura à vida?
Vamos lembrar de uma coisa: vivemos num momento do mundo em que a cultura antinatalista impera. Você deve estar me achando repetitiva por falar isso tantas vezes, mas é que isso explica muita coisa! Imagina que a nossa geração, a dos nossos pais e a dos nossos avós foi “educada” de forma a ver o “planejamento familiar” como algo essencial. Eles aprenderam que é necessário evitar filhos, e viveram num momento do mundo em que o avanço médico e tecnológico lhes permitiu isso. Inclusive tem artigos científicos dizendo que a pílula é a oitava maravilha do mundo…
Talvez a história de vida dessas pessoas tenham as levado a acolherem e aceitarem o controle de natalidade com muita facilidade. Além disso, elas provavelmente não tinham o conhecimento adequado sobre o que a doutrina da Igreja ensina sobre matrimônio.
Bom, acho importante levar essas coisas em consideração. E outra: você nasceu tendo esse conhecimento? Acredito que não. Você provavelmente adquiriu esse conhecimento sobre abertura à vida por graça de Deus. Assim como Deus teve paciência com você e esperou até que você se convertesse e aderisse aos Seus ensinamentos, é importante que você tenha também um olhar mais caridoso e compassivo com aqueles que sofreram tanta influência ideológica e ainda não aprenderam o que você já aprendeu.
Além disso, eu sinceramente acho que tem coisas muito mais importantes pra gente se ocupar além de ficar pensando nos comentários dos outros ou no quê os outros pensam da gente e da nossa família, sabe?
Não dá pra querer agradar todo mundo, não dá pra querer que todo mundo concorde com a gente e aprove tudo o que a gente faz. Não dá pra esperar que todos pensem como nós, ainda mais em se tratando dessas questões de fé e doutrina católica, considerando que nas últimas décadas muitas pessoas não tiveram uma boa catequese e acabaram vivendo em meio ao relativismo moral e religioso.
Precisamos ter caridade com as pessoas que ainda não aprenderam ou não entenderam o que nós já tivemos a graça de compreender. Eu sei que às vezes pode não ser fácil, mas é um convite que eu te deixo. Reflita nisso!
E pensa bem: se essa pessoa – que fez um comentário desagradável – não teve a oportunidade que você já teve de aprender sobre abertura à vida, talvez você seja o único canal pelo qual esse conhecimento possa chegar a essa pessoa. Você pode, então, aproveitar a oportunidade pra dar um testemunho de alegria e generosidade na sua vida em família.
Mas respondendo à pergunta que está no título desse post, eu vou deixar algumas sugestões de coisas que eu provavelmente diria:
“Esse assunto é muito pessoal, eu e meu marido somos responsáveis por nossa família”
“Filhos são bênçãos, é isso que a Bíblia diz, e por isso o meu desejo é receber muitos filhos”
“Eu já percebi o quanto os métodos contraceptivos fazem mal pra saúde da mulher e para o casamento, eu não trocaria nunca um novo filho por uma pílula ou dispositivo artificial que me faça mal”
“Nós somos muito felizes com a nossa família, cada um dos nossos filhos é uma bênção e eu tô aberta a receber mais”
“Eu amo crianças! Cada uma delas vem para nos acrescentar algo novo”
“No dia do nosso casamento nós prometemos aceitar os filhos que Deus quisesse nos enviar”
“Acreditamos que Deus nos deu essa missão de receber e educar nossos filhos na fé e com muito amor, e é assim que queremos continuar a nossa vida em família”
“O meu coração de mãe não se fecha, ele dilata!”
O que mais você diria?
Com carinho,
Ana.